O recém-empossado ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu neste domingo a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar abrigo ao terrorista italiano Cesare Battisti. Em entrevista coletiva após assumir o cargo, Cardozo descartou a possibilidade de uma crise diplomática com a Itália, que esperava a extradição do ativista. “Não tenho nenhuma dúvida de que o presidente Lula tomou a decisão correta e não acredito que haverá qualquer tipo de retaliação por parte do governo italiano, que é nosso irmão e tem relações amistosas com o Brasil há muitos anos.”
A transmissão de cargo no Ministério da Justiça foi bastante concorrida na manhã deste domingo, em Brasília – com nada menos que 400 convidados. O novo ministro tomou posse às 11h30 prometendo colocar o combate ao crime organizado como prioridade em sua gestão, além de desenvolver o pacto nacional de segurança e ações mais discretas da Polícia Federal, como havia adiantado em entrevista exclusiva ao site de VEJA.
O Salão Negro do Ministério da Justiça estava lotado, com presença de autoridades como senadores e deputados e até mesmo da delegação de El Salvador, com a primeira-dama Vanda Pignato, que é brasileira e amiga do novo ministro. Também prestigiaram a solenidade dezenas de integrantes da Força de Segurança Nacional.
Cardozo fez um discurso formal e, ao mesmo tempo, emocionante. Foi muito aplaudido quando saudou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O monoglota Luiz Inácio Lula da Silva falou no estrangeiro a língua da paz e ficou a anos-luz de líderes poliglotas que tivemos.” Quando citou a ex-prefeita de São Paulo e agora deputada federal eleita, Luiza Erundina (PSB), também foi efusivamente aplaudido. Na plateia, Erundina levantou-se, chorando, e agradeceu as palavras.
O único momento em que Cardozo chorou foi quando agradeceu o carinho e o companheirismo de sua ex-mulher, a procuradora Sandra Jardim.
O discurso que precedeu o do jurista, do ex-ministro Luiz Paulo Barreto, agora secretário-executivo da pasta, foi em tom de missão cumprida. “Deixamos pronto um plano de segurança para a Copa do Mundo em 2014, no Brasil, e tenho certeza de que o novo ministro manterá o caminho de fortalecimento institucional do ministério e estreitará ainda mais as relações com os estados e municípios”, afirmou Barreto.
Os ministros das Comunicações, Paulo Bernardo, da Saúde, Alexandre Padilha, da Pesca e Agricultura, Ideli Salvati, da Previdência Social, Garibaldi Alves, além do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), estavam presentes na cerimônia. O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP)estava na primeira fila da plateia. O desafio dos novos ministros foi marcar presença ainda na cerimônia de transmissão de cargo do novo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, que acontecia praticamente ao mesmo tempo, logo ao lado do Ministério da Justiça, no Palácio do Planalto.
(Marina Dias, de Brasília)
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